Introduzir a Comunicação Não Violenta (CNV) nas escolas é crucial para cultivar diálogos saudáveis e promover relações interpessoais positivas. Essa abordagem, desenvolvida por Marshall Rosemberg, capacita educadores e alunos a expressarem pensamentos e sentimentos de maneira respeitosa, contribuindo para um ambiente escolar mais acolhedor e empático. Ao ensinar habilidades de comunicação consciente, a CNV não apenas fortalece os laços na comunidade escolar, mas também prepara os alunos para enfrentar desafios sociais com empatia e compreensão.
Com essa premissa, a Gota de Leite recebeu no último dia 21 de novembro, as técnicas do Programa Justiça Restaurativa e Cultura de Paz nas Escolas e do Judiciário Rosângela Rinaldi e Tammy Marmol. De acordo com nossa assistente social Raquel Rolemberg, o primeiro contato foi de apresentar a estrutura e trabalho desenvolvido por todos atores sociais que contribuem para formação das crianças e adolescentes atendidas pela Gota de Leite.
“Estamos entusiasmadas com o primeiro contato para uma parceria visando formação continuada na perspectiva da CNV-Comunicação Não Violenta no intuito de acolher e ouvir as demandas do cotidiano dos pais, educadores e posteriormente todos os colaboradores da entidade”, ressalta Raquel Rolemberg.
Confira entrevista com as idealizadoras do Projeto Escolar: Rosângela Rinaldi, assistente Social Judiciário e especialista em Justiça Restaurativa, com formação em CNV; e Tammy Marmol. psicopedagoga, especialista em Justiça Restaurativa, também com formação em CNV.
COMO FUNCIONA A PARCERIA COM ESCOLAS COMO A GOTA, VISANDO FORMAÇÃO CONTINUADA NA PERSPECTIVA DA CNV-COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA?
A CNV é uma metodologia desenvolvida por Marshall Rosemberg, que visa a construção de diálogos mais saudáveis e, consequentemente, relações intra e interpessoais mais saudáveis. Sabemos que é cultural tentarmos resolver conflitos ou nos posicionarmos utilizando a violência como forma de expressão, mas podemos e devemos aprender a cuidar das relações com mais com passividade, assertividade, comunicando o que pensamos ou desejamos, de maneira consciente e respeitosa. E a escola é um excelente espaço para falarmos sobre isso. É no coração da escola que plantamos as sementes, que iniciamos o ensino não só pedagógico, mas tb das habilidades sociais e emocionais, e a CNV faz parte deste contexto.
Se os professores e toda equipe estiverem mais preparados e informados a respeito de como conduzir diálogos, escutar o outro atentamente, comunicar-se assertivamente, com respeito e empatia, sabemos que alunos e famílias também serão afetados positivamente. Professores poderão ensinar aos seus alunos novas formas de pedir o que desejam, de comunicar o que não gostam, de estarem atentos àquilo que o outro diz e, dessa forma, a comunidade escolar inicia uma transformação gradativa no que tange as relações saudáveis.
O Projeto EscoLar, desenvolvido por nós, Tammy e Rosângela, que conta com a parceria do Núcleo de Justiça Restaurativa de Santos, coordenado pela Dra. Renata Gusmao, juíza do Jecerim- juizado especial criminal da comarca de Santos, contempla a CNV como parte essencial para transformações ativas da comunidade atendida.
Queria que falasse um pouco das técnicas do Programa Justiça Restaurativa e Cultura de Paz nas Escolas e do Judiciário?
A Justiça Restaurativa é um paradigma, uma filosofia que utiliza várias metodologias e ferramentas para reestabelecer relações, auxiliar nas soluções de conflitos, para escutar a comunidade e suas necessidades, bem como construir rede de apoio sempre considerando o empoderamento daquela comunidade/pessoas atendidas.
O processo circular, desenvolvido por Kay Pranis, é a base da nossa atuação enquanto facilitadoras especialistas em Justiça Restaurativa. Essa metodologia possibilita que os envolvidos tenham vez e voz e tenham liberdade para compartilhar dores, frustrações, insatisfações e necessidade, num espaço seguro, confidencial e sigiloso. Também utilizamos o processo circular para celebrar, acolher, cuidar de quem cuida.
No Judiciário, a atuação ocorre a partir dos processos encaminhados pelos juízes/delegados, a fim de que as partes envolvidas no processo tenham uma escuta especializada e possam verbalizar seus sentimentos e necessidades, individualmente. A partir daí, os facilitadores realizam encontros entre as partes, utilizando o processo circular como ferramenta para que, coletivamente, construam a melhor forma para solucionar aquele conflito. Isso é bom para as partes e bom para o judiciário.
qual a importância de iniciativas como essa?
O Projeto EscoLar tem como objetivo atuar preventivamente nas escolas e, com as palestras, formações e círculos oferecidos, empoderar professores, equipe gestora e funcionários, enquanto multiplicadores da Cultura de Paz. Todos podemos e devemos ser agentes de transformação social. Por isso a importância do Projeto EscoLar, desenvolvido com amor e afeto, por duas mulheres, especialistas em JR, que acreditam na transformação a partir da ampliação do conhecimento e da comunicação assertiva.
como foi esse primeiro contato conhecendo a Gota de Leite?
Conhecemos a Gota de Leite à convite da Raquel, assistente social, e podemos dizer que foi uma grata surpresa. Ficamos encantadas com o cuidado e amor que envolve essa instituição. Conhecemos a equipe gestora e já iniciamos um diálogo cheio de boas ideias e estratégias para que a JR e a CNV estejam presentes neste lugar. O Projeto EscoLar está pronto para atender a todos